domingo, 18 de setembro de 2011

Sobre morte

Casa vazia.
Onde um dia se fez e tomou chá, acariciou o gato, dormiu no jardim sem querer.
Onde recebeu os netos, criou os filhos, viu TV.
Casa vazia.

Casa bonita. Grama livre.
Gato sozinho. TV desligada.
Luz apagada.

Casa bonita. Triste.
Casa vazia.

sábado, 10 de setembro de 2011

Na cozinha, amor não basta.

Cookies que ora querem ser papa ora querem ser uma bolacha só; cupcakes impossíveis; muffins que tentam se comportar bem - e não conseguem.
Sinto como uma daquelas mães que, antes mesmo de seus filhos deixarem de parecer feijões, traçam, com amor, um plano perfeito para eles.
Ao crescerem (às vezes nem tanto), mesmo bem-criados, resolvem ser algo bem diferente daquele menino ou menina dos planos. E nem é que o "filho alternativo" que ele se tornou seja ruim, minha gente, mas é que a mamãe esperava algo tão diferente...

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Rugas

Se há quem sorria por nada, por que não posso sorrir por tudo?

Já concordei, um dia, que "(...) rir de tudo é desespero".
Hoje penso que é sabedoria. Talvez um pouquinho de loucura-essencial também.
O sorriso não precisa ser gargalhada. Pode ser o de canto-de-boca. O dos olhos. O da pele. Pode até ser amarelo, se quiser. Aquele que eu já considerei tão falso! Bichinho. Talvez ele seja assim porque sentiu vergonha e não soube como reagir ou mesmo viu alguém que não queria tanto ver, mas quis ser educado e aparecer...
Sei lá.
Penso que até as lágrimas sorriem, por estarem caindo. Afinal, que outra forma elas têm de serem vistas senão essa?
É claro que alguém pode ler tudo que escrevi, considerar baboseira e dizer que, sendo assim, a lágrima também pode ser como o sorriso e existir de qualquer e várias formas. Não seria mentira, mas, pra esse, eu diria:
Bichinho!, sorria!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Por ora, carvão.


Quando minha existência me parece meio desafinada, desconexa, fora do tom desse mundo.
Quando parece que esqueci o que aprendi sobre ler a Partitura e a esperança que pode-se achar nela.
E meu corpo me pesa mais do que meus 54kg.
Tento respirar fundo, nem sempre consigo.
Se consigo, não resolve.
Revejo meus acordes. Assumo que são pobres. Ainda assim, não me conformo.
O sorriso vem logo.
Sempre tem Alguém que me manda alguém que me coloque no colo.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Bandeira

Não descobri isso sozinha, alguém que nem conheço veio me dizer: Eu tenho cores.  
Desde então, me agrada muito pensar que certas cores são minhas. Penso também que não se trata de cor da pele, já que eu sou bege e ninguém pode negar.
E não me pertencem por eu tê-las criado, fazendo uma mistura com várias cores já existentes ou algum processo menos óbvio que eu até desconheço. De alguma forma são minhas, mas não posso, não vou e não quero ter exclusividade sobre elas. Essas cores, descobri, são as que meus olhos perseguem e, sempre que possível, captura. Quando isso acontece, mostro ao mundo (ou só a quem quiser ver mesmo). Quero mais é que sejam vistas, que toquem as pessoas de qualquer forma e as comovam - palavra que um amigo querido usaria. Que elas sejam, estejam e existam(!) junto com as cores de cada pessoa que passa por mim.
Que às vezes fica, que às vezes vai.
Mas que sempre vem.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

DIY

Quando a menina mostra, toda orgulhosa, com um sorriso meio encabulado, meio escondido, meio azul, a saia que fez com as próprias mãos. É uma pontinha de orgulho de si! Não daquele orgulho que faz com que não se fale mais com as pessoas ou não se peça perdão sabendo do erro cometido.
Mas sim aquele orgulho, que faz querer respirar fundo e dizer pro mundo:
Eu que fiz!