quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Se hoje chover, eu quero me molhar

Na volta pra casa, andando sozinha pelas ruas do bairro onde cresço desde que nasci, peço ao Pai que cuide de mim. Em poucos passos, a resposta: chuva. Muita chuva. Resposta das boas. Daquelas que é necessário calar pra ouvir até o suspiro entre uma palavra e outra.
Eu, desarmada, não me guardo delas. Ainda que tivesse a ferramenta necessária para me manter seca, arrisco dizer que eu preferia mantê-la fechada - como fiz brevemente com meus olhos quando os pingos aumentaram em quantidade e força.
Levantei a cabeça pra sentir por completo o banho que há muito não tomava. Desse banho, a alma é quem sente falta mesmo quando o corpo está cheiroso.
Percebi que ser cuidada requer olhos fechados e cabeça pra cima.

Trouxe a chuva pra casa, minh'alma disse "obrigada" e o coração, esquentando-a, concordou.