terça-feira, 9 de abril de 2013

Regador de travesseiro e flor

A urgência deu lugar à negligência, deixando a luz amarela da segunda-feira entrar - e a persiana no chão. Azul; incapaz de exercer sua função de racionar nossa luz. Sem exercer a função para a qual foi designada, perde o sentido. Reconheço que esse destino não é só das persianas. Desatino.
 
Qualquer flor precisa de água e luz. A luz da janela, amarelinha, na parede, quase tocando o ninho. Os pingos, do regador, caem em síncope - que, geralmente, nos faz dançar. Mas não dessa vez. Os pingos caem azul marinho. Se não visse de tão muito bem perto, diria que eram pingos pretos pretos pingos pingos pingos pingos pretos. Mas não. Eram azul marinho e azul marinho não é preto. Assim como pingos nem sempre são chuvas - prestatenção: mesmo que eles caiam em sua cabeça.

Qualquer flor precisa de água e luz. Por falta de água ela agora já não morre, mas de luz ainda tem fome. Não só da luz que vem das janelas do quarto sem persiana, entre outras tantas iguais por todos os lados. Mas daquelas, únicas, vizinhas do seu nariz, do é difícil que é o seu rosto.