segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Tino

Ele pulou rapida e decididamente de dentro do ônibus, mesmo sem conhecê-la. 
Numa segunda-feira, às 7h da manhã, é difícil pensar no amor pela vida. Em doar-se.
Como um lembrete, a cena: uma mulher na cadeira de rodas, o elevador do ônibus emperrado - impedindo que este tocasse o chão. Decidida, ela subiria mesmo assim. Sem abrir a boca para reclamar de algo ou sequer pedir ajuda.
Mas tem fardos que são pesados demais para se carregar numa segunda-feira ou em qualquer outro dia da semana. Há quem saiba. Ele percebeu.
O seu pulo, forte e insuficiente. Porém, suas mãos e braços, fortes e sutis, a trouxeram para cima.
Sentou-se em sua cadeira; ela ocupou também o seu lugar - eu não ouvi, mas deve ter havido um "obrigada" no meio disso tudo. Talvez com o olhar. 
Ambos desconhecidos, levaram meu pensamento muito além do "será que o próximo é o meu?".