segunda-feira, 24 de maio de 2010

E eu poderia escrever muitas palavras sobre esse dia, mas receio que elas façam aquilo tudo parecer real.

quinta-feira, 13 de maio de 2010


Eu tenho um colega que nem sabe que é meu colega.

É um senhorzinho, que está sempre com uma boina branca, óculos e na janela de uma casa azul. Todos os dias -ao menos em todos que tem aulas, na hora da saída, ele está lá.
Sempre gostei muito dele. Um dia, com uma câmera antiga na bolsa, passo por aquela casa, no mesmo horário de sempre. Não me contive. Segurei no braço do meu irmão que me acompanhava, pedi pra ele esperar um pouco. Peguei a câmera e fotografei aquela mesma cena de todos os dias.

Ele, aparentemente, gostou. Acenei e continuei andando. Ele acenou de volta e continuou na janela.


As aulas terminaram e a casa foi vendida. E eu continuo gostando do senhor da janela da casa azul, porque pra mim, ele sempre estará lá.

domingo, 9 de maio de 2010

Tenho que lembrar de me manter longe de copos que precisam ser lavados.
Quando tenho que reverter a situação deles, por ser uma coisa incomum no meu dia-a-dia, não me incomodo.
E demoro. Acabo exagerando no detergente e, propositalmente, crio várias espuminhas.
Mas o ponto não é esse. A questão é: A lavagem de copos sempre é um processo longo e eu faço disso uma terapia. Terapia faz pensar - e, convenhamos, isso nem sempre é bom. Cada copo parece me levar à outra dimensão e quando coloco a bucha pra descansar, arrumo alguma outra coisa pra pensar - até o ciclo se repetir e eu voltar ao mesmo lugar.
Eu não sei mais chorar. Hoje chorei. Percebi que desaprendi, e logo sorri. Não soube enxugar. Fiquei com vergonha, deixei pingar. Tive que deixar.
(E há quem pergunte -sempre há- se estou bem, digo que sim. Não minto.)

Foi durante o almoço, na mesa da sala, com os olhos fixos na TV. Não era novela nem filme.
Era real. Eu poderia, noutros tempos, facilmente apontar o que vi como uma carta romântica escrita com caneta de pena e papel decorado. Não era presunçosa, não era brega e muito menos estúpida. Estava ali, junto com uma música ao fundo que dizia praticamente tudo e algumas fotos, a "1ª Cartinha. Lembra?" que meu irmão fez à namorada.
Era pura. É amor.