Na volta pra casa, andando sozinha pelas ruas do bairro onde cresço desde que nasci, peço ao Pai que cuide de mim. Em poucos passos, a resposta: chuva. Muita chuva. Resposta das boas. Daquelas que é necessário calar pra ouvir até o suspiro entre uma palavra e outra.
Eu, desarmada, não me guardo delas. Ainda que tivesse a ferramenta necessária para me manter seca, arrisco dizer que eu preferia mantê-la fechada - como fiz brevemente com meus olhos quando os pingos aumentaram em quantidade e força.
Levantei a cabeça pra sentir por completo o banho que há muito não tomava. Desse banho, a alma é quem sente falta mesmo quando o corpo está cheiroso.
Percebi que ser cuidada requer olhos fechados e cabeça pra cima.
Trouxe a chuva pra casa, minh'alma disse "obrigada" e o coração, esquentando-a, concordou.
Um comentário:
muito bonito!!!
se o medo de tomar chuva fosse menor o coração certamente diria que recebeu o melhor.
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