quarta-feira, 22 de junho de 2011

Bonança. Resiliência. Ventura.

Escrevo poesias -ou palavras soltas- em cadernos pequenininhos, pequenininhos.
Com muito cuidado pra que ninguém veja, escrevo com as mãos quase juntas ao corpo e com os olhos quase beijando o papel (às vezes branco, rabiscado com desenhos, amarelado; às vezes bonito) - ainda que só eu esteja perto. Cada palavra, como se fosse preciosa e estivesse sendo usada pela primeira vez...
Improvável.
Até eu, que quase não escrevo, já escrevi tanto! Muitas palavrinhas, nem um palavrão; palavras grandes, redondas e prepotentes e palavras curtas, não-grossas e dependentes - daquelas usadas quando se quer dizer muito, dizendo pouco; que quase pedem abraços.

Algumas, se esforçam um bocado para irem parar num envelope azul, mudarem de casa, de dono. De tanto querer, às vezes conseguem - vezenquando até sem esforço, assim: Elas vêm e trazem toda família.
Outras, ficam lá, quietinhas, numa quietude tão presente, tão sonora, que -sem perceber- acabam ocupando minha mente por semanas. Ou pela vida.

Entre essas, têm as minhas preferidas. Ao contrário do que as mães sensatas fazem, eu -talvez por não tê-las criado- não preciso esconder minhas preferências. Essas, não só ocupam minha mente, como me acompanham e me são muito úteis - tanto que, sem medo que elas se percam, sofram mudanças ou se tornem banais, eu as dou de presente.